terça-feira, 20 de outubro de 2009

Lavanderias familiares [I]


Houve um tempo em que a máxima “roupa suja se lava em casa” era não apenas difundida, mas praticada.

Questão de bom tom. E de bom senso.

Hoje, além das revistas de celebridades (impressas, eletrônicas, virtuais etc.) e colunas sociais (idem), o dito é contradito em nova tendência da arte seqüencial dos quadrinhos – na verdade, nem tão nova assim.

Mas – ao contrário da superficialidade rasa e rasteira do oba-oba citado, onde a mídia idiotizada lava a roupa alheia pra uma platéia igualmente idiotizada, ávida em viver a vida dos outros – esta série de novas Histórias em Quadrinhos debruça-se sobre biografias familiares em um modo muito mais digno e quase sempre usando tintas autobiográficas.

A tal “nova” tendência provavelmente se iniciou com “Maus”, de Art Spiegelman, publicada pela primeira vez em 1986 (mas onde já incluía uma história escrita e desenhada em 1973). “Maus” é a própria história de Spiegelman, através da história do seus pais, sobreviventes de Auschwitz. Publicado o segundo volume em 1991, ganhou um prémio Pulitzer, no ano seguinte.

Depois disso, surgiram as reportagens em quadrinhos de Joe Sacco, no início da década de 90, onde o repórter não apenas se inseria como personagem da matéria, mas a retratava usando os desenhos, os balões, os diálogos, enfim, todas as técnicas que caracterizam os quadrinhos. Dessa lavra são, entre outros, os livros sobre os conflitos na Palestina – “ Uma nação ocupada” e “Na faixa de Gaza” – e “Gorazde, a guerra na Bósnia Oriental”.

Embora o gênero inaugurado por Sacco seja o de “jornalismo em quadrinhos” (e, nos casos citados, o quadrinista atuava eminentemente como “repórter de guerra”), o autor era corajoso o suficiente para tomar posição sobre os temas, incluindo muitas vezes a exposição clara e sem meios tons dos próprios preconceitos e contradições – “De volta à cidade velha de Jerusalém, ando em meio aos comerciantes palestinos. Eles me enojam... Seus grande olhos tristes... Seus bolsos vazios... Eu quero chutá-los...”.

Na virada do século, a iraniana Marjane Satrapi, hoje com 30 anos, começa a escrever e desenhar a sua série “Persépolis”, autobiografia publicada originalmente em quatro volumes, que já começa introduzindo o leitor na vida de meninas como a própria Marjane obrigadas a usar o véu quando da chamada “Revolução Islâmica”, em 1979.

Embora pessoal, a perspectiva de “Persépolis” divide-se entre a autobiografia e os fatos históricos – o tema Islã-Islamismo, claro, ajudou muito no sucesso dos livros, traduzidos em mais de 20 países e levados em 2007 às telas dos cinemas.

E devido ao adiantado da hora e do espaço, continuo amanhã, contando como uma nova geração de quadrinistas decidiu lavar a roupa suja familiar em quadrinhos, criando um novo boom editorial.

*

Cientec

Amanhã, dentro da programação cultural da 15a Cientec, tem eliminatória do Festival Universitário da Canção (FUC), e, depois de amanhã, apresentações do Grupo de Chorinho do SESI,
Canto dell´Arte,
Octo Voci,
Big Band Jerimum Jazz
e Os Poetas Elétricos, agora com duas novas almas femininas na cozinha (baixo & bateria, Fabíola Nobre & Juliana Gonçalves).

No Anfiteatro da Praça Cívica do Campus da UFRN.

Crise

Começa amanhã e vai até o 23 de outubro o simpósio “Crise econômica global: origens, causas e desdobramentos”, promoção do Departamento de História da UFRN. No auditório B do CCHLA.

Inscrições gratuitas.

Pau dos Ferros

“História da opressão da mulher e do movimento feminista” é a palestra que a professora-doutora Telma Gurgel profere, próximo dia 23, durante o I Colóquio sobre Gênero e Ensino de Geografia, no Campus da UERN de Pau dos Ferros.

Entre os objetivos do colóquio, iniciar um debate sobre a opressão e exploração das mulheres na região do Alto Oeste.

Info: 3351.2560.

Senso

Apresentações da arte espírita e palestras estão na programação da 13ª Semana Espírita de Ponta Negra. De 26 e 31 de outubro, na Rua Praia de Muriú, 9150. “O sentido da vida” é o tema central.

Diva

Morreu, semana passada, aos 70 anos, a atriz italiana, Rosanna Schiaffino, que participou, entre outros filmes, de “La notte brava” (por aqui “A longa noite de loucuras”, safra 1959), de Mauro Bolognini, com roteiro de Pasolini.

Prosa

“quanto mais você se distancia dos negócios e da família, tanto mais amável, flexível, polido, atencioso, (quero dizer: também exteriormente) você se torna.”

Franz Kafka

Carta ao pai

Verso

“O sucesso é mais doce / A quem nunca sucede. / A compreensão do néctar / Requer severa sede.”

Emily Dickinson

“O sucesso é...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário