quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Cão sem dono

Todos vocês conhecem Carlão de Souza. Ou não. Se não conhecem, deveriam conhecer. Ou não. Carlos de Souza é assim: um sujeito que nos deixa em dúvida. E, tão difícil escrever sobre quem a gente conhece que me valho da belíssima edição – esgotada – de “Geração alternativa – antilogia poética potiguar anos 70/80”, organizado por J. Medeiros, Amarela Edições, 1997.

Mas, me valho de quê mesmo? Pensava que o nome de Carlos de Souza estava ali, entre os 53 nomes “antilógicos” – pra eu pegar emprestado um perfil – e, não está. Mais uma prova que o rapaz (meio século na cacunda) é de difícil classificação.

Carlão também não está no “Literatura do Rio Grande do Norte”, de Diva Cunha e Constância Duarte. Mas aparece no imprescindível “Informação da literatura potiguar”, de Tarcísio Gurgel – em dois parágrafos e vinte linhas. Exclusivamente sobre seu livro de estréia “Crônica da banalidade” (Clima, 1988). O prefácio-prelúdio é de Alex Nascimento, que descreve o cenário da banalidade como um “mundo onde princesinhas e fadas tomam tranqüilizantes”.

Eu li a “Crônica” de Carlão lá pela época em que foi lançada, a famigerada década de 80. Já lia o cara – muito antes de Obama o sê-lo – nas páginas da Tribuna do Norte sob o pseudônimo de Linda Batista (ou Baptista – que um pê faz toda a diferença). Mas não o conhecia, realmente, nem na vera nem na brinca. Até porque as más companhias de antão, para mim, eram outras (felizmente isso mudou de uns tempos pra cá e nos fazemos, entre outros, más companhias recíprocas – o que é muito bom).

Dia desses nos encontramos de novo. Tem livros novos na gaveta, o Don Corleone. Uns quatro. Um deles vai se chamar “Cidade dos Reis”, edição do Sebo Encarnado, em breve. O título ele surrupiou, malandramente, do meu blog. Eu deixo pra lá porque eu também contrabandeei o nome de como os primeiros cartógrafos e historiadores chamavam esta província indefinida do Ryo Grande, ali pelo século 17.

Na ocasião (do encontro, não no século 17) sugerimos que ele escrevesse uma autobiografia, que seria muito mais lido e consagrado, numa terra que se arvora em ninguém consagrar. Adriano de Sousa até cantou o título: “Cão sem dono”. Referência ao seu poema épico, “Cachorro magro”, de 1999. Dez anos atrás, pois.

Carlão de Souza merece, mais que uma biografia, uma autobiografia.

Pois.

*

Filmes

Segue, vento em popa, a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul.

No início da tarde, 13h, o documentário de João Jardim sobre adolescentes deste Brazil brazyleiro, sem esquecer, claro, a Casa Grande e a Senzala: o diretor ouviu alunos da periferia e de tradicionais colégios particulares de Sampa e da Guanabara – incluiu ainda jovens de Pernambuco, na tentativa de escapar um pouco da Ponte Aérea.

Na seqüência, 15h, “O sino da cidade”, dirigido por Carlos Alberto Riccelli com roteiro da mulher, Bruna Lombardi, que surpreendeu público e crítica ano passado.

O dia termina com o peruano “Não conte a ninguém”, história dos conflitos de um jovem descobrindo-se homossexual.

Tudo de grátis.

Reciclagem

Antes de embarcar para o Planalto Central, Geraldinho Carvalho se despede de amigos, público etc. Hoje, 20h, no Bardallos, Centro Histórico e Histérico da City. Paga-se R$ 5, se tem direito a uma cerva e pode-se e deve-se admirar, nas paredes, a exposição de Avelino Araújo, um dos bons artistas ditos “locais”.

lamparina

Hoje, no TCP, 19h30, o grupo Candeeiro Jazz e Cristiano Pinho se apresentam, parte do IV Festival BNB de Música Instrumental. De grátis.

3 em 1

2 Polos, DJ Goiano e Os Gigantes, hoje à noite no Juke Box da Praça Pedro Velho.

2 x Viva

Hoje, na TVU, Woden Madruga, Vicente Serejo e Tarcísio Gurgel entrevistam Cassiano Arruda, inventor da Roda Viva, para o Memória Viva, 19h.

livro

Lenilson Carvalho lança hoje seus “Pensamentos, provérbios e aforismos”. No Midway, 18h30.

porrada

Amanhã começa a Festa do Boi edição 2009. E daí? Começa também a exibição de “Bastardos inglórios” – que, não, não é sobre nenhum nativo deste Ryo Grande, mas, sim, o último filme de Quentin Tarantino – polêmico fake. Nas duas redes de cinema da City.

Invés, apenas no Cinemark, estréia também e até que enfim, “Anticristo”, a bomba de Lars Von Trier (polêmico sério) na cabeça dos bens ou mal-pensantes. Horário único: 14h. Recomenda-se não comer nada pesado antes.

Prosa

“A objeção à merda é de ordem metafísica. Defecar é dar uma prova cotidiana do caráter inaceitável da Criação.”

Milan Kundera

A insustentável leveza...

Verso

“selos, acordos, moedas são prerrogativas absolutas / do rei sem parlamento”

Ezra Pound

“Canto LXVII”

Nenhum comentário:

Postar um comentário