terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fascismo

Cultura 040909


A deputada italiana Alessandra Mussolini (neta de Benito e sobrinha de Sophia Loren) ficou, literalmente, pê da vida com um filme exibido essa semana em Cannes: “Francesca”, do diretor romeno Bobby Paunescu, conta a história de uma moça que quer emigrar para a Itália em busca de melhores condições de vida etc. Lá pras tantas seu pai lhe diz: “Você não ouviu aquela ‘puttana’ da Alessandra Mussolini dizendo que quer todos os romenos mortos? E o fdp do prefeito de Verona que declarou a cidade livre dos romenos?”

Problemão pra se resolver. Quem diz a frase é um personagem de ficção, falando sobre uma pessoa real, numa obra de ficção que se inspira claramente na realidade.

A Romênia, pra quem não lembra, era mais um daqueles países comunistas, fechados em si mesmos e sem contato com a realidade ocidental. Ceausescu era o ditador de plantão que comandou e isolou o país durante 32 anos, até 1989, quando o regime caiu e o presidente, até então vitalício, foi condenado à morte.

Desde então, muitos italianos resolveram conhecer melhor o que é que a Romênia tinha, além do castelo de Drácula (sim, a Transilvânia é ali mesmo). Tutti buona gente, fizeram muitos negócios e, claro, cravaram dentes e unhas nas romenas, todas mui belas, por sinal. Como para toda ação corresponde uma reação, também os romenos decidiram conhecer o que é que a Itália tinha, além da pizza, da Ferrari, da Juventus etc. etc. Hoje, são uma das muitas faces do grande problema que representam os imigrantes na Itália, muitos envolvidos com a violência e o crime, organizado ou desorganizado que seja.

“Somos vinte milhões de romenos, inventamos a insulina, não podemos ser etiquetados como criminosos por conta de 900 deliquentes condenados na Itália”, considerou o diretor.

Enquanto isso, resta a pergunta: falar (mal) contra um político numa obra de ficção é legal, é imoral, engorda ou emagrece a opinião pública?

Nos Tristes Trópicos, a Lei, com “l” maiúsculo (ou o Senado, com “s” ridiculamente maiúsculo) já decidiu (ou vai nos empurrar goela abaixo): não se pode falar bem ou mal de nenhum candidato nas próximas eleições. Em blogs, portais, internet, enfim. Pensando bem, pra alguma coisa esse tal de twitter haveria de servir. Quero ver controlar os milhões de usuários, um a um.

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Expo

Desde ontem – e até o dia 25 – acontecem três exposições simultâneas na Galeria Newton Navarro, Capitania das Artes: Animais literários”, de Sofia Porto, “Contínuo movimento”, de Ricardo Régis, e “Paisagem”, de Cristiana Camargo.

Sombra

Estréia amanhã o novo espetáculo da Gaya – “A possibilidade de fazer sombra” – com direção e concepção de Mauricio Motta e coreografia coletiva dos membros da companhia de dança contemporânea.

No auditório da Escola de Música da UFRN, 19h (também no domingo).

Segundo o release o tema principal é a relação de poder entre as pessoas no cotidiano.

Automatic

É amanhã o lançamento do novo videoclipe da banda Automatics, com direito a apresentações das bandas Distro e Blinders That Came From Your Old Town (cujo nome não é um clipe, mas um longa-metragem).

No Nalva Melo Café Salão, Ribeyra, claro. Começa cedinho, cinco da tarde, e custa uma merreca: três contos.

Automatic II

Enquanto muitas bandas passam anos mudando de som e tentando chegar a algum lugar, outras permanecem com ele desde o primeiro acorde.” – do release do Automatics. Que ainda se declaram “representantes da velha guarda do rock independente potiguar”, o que me faz sentir mais que jurássico.

Deriva

Começa hoje “À deriva”, filme nacional – mas esqueçam o sinônimo ululante: o diretor é Heitor Dhalia, de “O cheiro do ralo”. Se não garante nada, ao menos é uma boa referência. E ainda tem o rosto estranho do ator francês Vincent Cassel, a belíssima trilha (pelo que se apreende da página do filme na net) de Antonio Pinto, e o figurino de Alexandre Herchcovitch, queridinho da moda destes Tristes Trópicos.

No Moviecom.

PROSA

“Quando somos estranhos numa terra estranha em meio a pessoas estranhas, acabamos fazendo coisas estranhas. Como reagir.”

Fábio Moon e Gabriel Bá

10 pãezinhos: crítica

VERSO

“Pelo jeito / todo medo / mede e medra / logo cedo”

Iracema Macedo

“Arremedo”

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