terça-feira, 8 de setembro de 2009

Adivinhe quem vem para o café-da-manhã: Sheyla Azevedo

Cultura 050909

Sheyla Azevedo nem precisa ser convidada, vocês hão de lembrar: foi, até hoje, a única interina do sobrescrito alguns meses atrás, durante 15 dias – e logo, logo (aproveito pra avisar a ela também), deve retomar novamente, para felicidade minha e de todos vocês. Enquanto não chega esse dia, curtam o café-da-manhã bem feminino de Sheyla e Maria Tereza.

Maria TereSa Horta – por Sheyla Azevedo

Se para alguns a máxima só o amor constrói é propulsão para a crença num mundo melhor, para a jornalista, ensaísta, ficcionista e poetisa portuguesa, Maria Teresa Horta, 72 anos, a esperança do mundo reside na poesia. Ela está no Brasil desde o final de agosto e deverá ficar até meados de setembro. Recentemente, ela participou do 13o Seminário Nacional e do 4o Seminário Internacional Mulher e Literatura, que começou na quarta-feira, 2 e encerrou ontem, no Hotel Praiamar, no turístico bairro de Ponta Negra.

Depois de Natal, a poetisa descerá o mapa, indo até a Bahia, onde participará de um outro evento literário. Neste primeiro, Horta inaugurou as honras de ser a primeira escritora estrangeira a receber uma homenagem pela contribuição de sua obra na afirmação de uma identidade feminina na literatura. Temática que começou a ser discutida a partir de um Grupo de Trabalho no Sul do país, criado há 24 anos, e que depois culminaria na criação do Seminário Mulher e Literatura, inserindo no Brasil uma sistematização dos estudos da estética literária feminina, e tirando a mulher da mera condição de objeto para sujeito literário.

Mas, voltando à sentença inicial, a pergunta é: de que maneira uma pessoa que acredita que conturbações e inquietações permeiam a criação artística tem na poesia a grande responsável pela esperança no mundo?

Ela explica: “Não estou falando de uma utopia ou que toda a gente tenha de viver uma realidade poética. Não se trata de um contato pessoa a pessoa. O que digo está na essência. Se uma sociedade é capaz de produzir poetas, se no mundo há esses sujeitos que tiram poesia da realidade, então esse mundo é possível”, afirmou, insistindo, porém, que os poetas não são “salvadores” – mas, é justamente por existirem que sempre haverá a possibilidade de mudança, de transformação.

Autora de mais de 19 obras poéticas e outras dezenas de romances, livros de ensaios, e afora a profissão de jornalista, Horta nunca pretendeu com sua escrita – despertada ainda na adolescência – tornar-se um objeto de estudo acadêmico. Ainda assim, há pelo menos 30 anos ela é uma das poetisas portuguesas mais estudadas mundo afora. Especialmente no Brasil. Para se ter uma ideia, só no primeiro dia dos dois eventos Seminário Mulher e Literatura, Horta foi debatida em pelo menos dez comunicações e mesas-redondas, com estudiosos de universidades de diferentes estados, como Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Norte.

Indagada se é realmente necessária uma divisão da literatura escrita por homens e literatura feminina, Maria Teresa Horta não vê por que teria de ser diferente. “No meu livro ‘Rosa sangrenta’ todos os 40 poemas versam sobre a menstruação. Eu pergunto, como é possível que um homem escreva sobre esse tema, ou sobre partos, por exemplo, da mesma forma que uma mulher escreva? Isso não faz parte da realidade dele e nem precisa fazer. De nós mulheres, sim”, responde, explicando ainda que a escrita para o homem e para a mulher se dá de formas diferentes, peculiares aos universos de cada um.

Horta escreveu “Novas cartas portuguesas”, livro considerado subversivo, e que lhe rendeu até mesmo idas ao Tribunal em seu país: “Como feminista e ativista sempre lutei por direitos iguais, por acreditar que as mulheres têm o mesmo direito de serem felizes que os homens têm. Mas, precisamos respeitar as diferenças. Não vejo o porquê nem para que termos de escrever dentro de parâmetros masculinos”. [Sheyla Azevedo]

PROSA

“Nessa vida, a gente só aprende de duas maneiras, com o amor e com a dor.”

Fábio Moon e Gabriel Bá

10 pãezinhos: crítica

VERSO

“Sou uma mulher vulgar / e faço versos como quem fode / sentindo prazer e dores”

Iracema Macedo

“Desencanto”

Um comentário:

  1. ô coisa boa a pessoa ter gente como mário ivo por perto... valeu, mais uma vez, meu querido.

    ResponderExcluir