sábado, 29 de agosto de 2009

Adivinhe quem vem para o café-da-manhã: Volonté

O poeta Volonté bate à porta. O poeta Volonté se anuncia. Desconfio que o poeta Volonté sempre desconfia de porteiros, e os porteiros sempre desconfiam do poeta Volonté, embora ninguém quase nunca desconfie que ele é poeta. Vocês já devem ter percebido (ou desconfiado) que o café-da-manhã hoje não é brincadeira. Noves fora, ninguém sai imune de um café-da-manhã com o poeta Volonté. Então, dizia eu, o poeta Volonté à porta. Me entrega o papel, dobrado. Minto: me entrega envelope de carta, sem selo, dentro o papel dobrado. De um lado meu nome, do outro seu outro ego: o poeta Volonté às vezes assina Manoel Fernandes de Sousa Jr. No espaço destinado ao endereço, anotou: Rua da Real Grandeza. Desconfio que seja verdade. Desconfio que o poeta Volonté viva realmente nessa rua com nome que evoca Realidade e Monarquia, Sonho e... Príncipe e mendigo, o poeta Volonté pergunta: “Quando sai?” E sugere ele mesmo a ilustração: “Aquela mulher de Goya, deitada.” Eu lembro que eu ainda perguntei se era La maja desnuda ou se La maja vestida mas não lembro mais sua resposta.

Atrás da porta – por Volonté

Hoje acordei pensando nela. No seu jeito de ser, sua ironia, loucura de um tempo, verão vagamundo, a paisagem de uma geração american grafith. Não sou cronista, réu confesso. Like a Rolling Stones. Não sei nem por onde ela anda. Perdi a coragem de vê-la. Acontece. Amor de índio. Sou mais um perdido no espaço sideral, quasar romântico. Penso nisso tudo enquanto vagueio meu pensamento entre o coração e a razão. Mar e oceano. [volonté]

*

por causa da mulher

Quem diria: como o poeta Volonté ocupou pouco espaço – acima –, seguimos com nota importante – abaixo –, e deixamos o poeta em mui boa companhia: a partir da próxima quinta (dias 2, 3 e 4 de setembro), começa o 13º Seminário Nacional Mulher & Literatura e o 4º Seminário Internacional Mulher e Literatura, promoção da UNP em parceria com a UFRN, UERN, IFRN e IFESP.

Vem gente do Brasil inteiro mais uns gringos dos Estados Unidos e de Portugal.

Longe de mim dizer que mulher fala demais, mas que na programação tem um bocado de conferências, mesas-redondas, minicursos etc., lá isso tem.

Entre as homenageadas, nossa (no sentido de potyguar, claro) Diva Cunha e a portuguesa Maria Tereza Orta. Diva, inclusive, deve lançar “Resina”, que só pelo título vale à pena.

Mas tem um bocado de coisa interessante, seja no seminário, seja nas informações do release, que é já um compêndio em si, organizado pelas mãos (femininas) de Anna Karlla Fontes e Sheyla Azevedo, da assessoria de comunicação do seminário.

Por exemplo: vocês sabiam que é a segunda vez que o seminário vem a Natal? Eu não, mas a primeira foi há 16 anos, ocasião em que Rachel de Queiroz lançou seu “Memorial de Maria Moura”.

Entre as conferencistas, nomes como o da americana Carole Boyce Davies, que pesquisa a escrita de mulheres negras e diáspora africana e caribenha, e que organizou a “The Encyclopedia of the African Diaspora”. Ou como o da também americana Susan Stanford Friedman, autora de “Mappings: Feminism and the Cultural Geographies of Encounter”, e titular, olha só, da cátedra “Virginia Woolf”. E, por fim, mas não menos importante, a mineira – e professora-doutora – Constância Lima Duarte.

Para mais informações: www.unp.br/mulhereliteratura

PROSA

“O bom chão; dormir no chão. Morrer, descansar no bom úmido chão, não mais imprudentes, não mais aflitos, não mais aflitos!”

Rubem Braga

200 crônicas escolhidas

VERSO

“No chão me deito à maneira dos desesperados.”

Drummond

“Mário de Andrade...”

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