quarta-feira, 15 de julho de 2009

Valores e valores


Acho que o sobrescrito já comentou por aqui como é bem sacada aquela publicidade de um cartão de crédito que afirma que existem certas coisas na vida que não têm preço. A boa sacada é que se reconhece essa verdade, ao mesmo tempo em que se reforça outra, indiscutíveis as duas: para o restante de coisas que se podem efetivamente comprar, nada melhor do que um cartão de crédito – e algumas coisas, crianças, valem realmente à pena comprar, pagar, consumir, por mais inúteis e supérfluas que aparentemente sejam.

É verdade, também, que o cartão de crédito nos garante hoje o que talvez não seremos capazes de pagar amanhã – ah, mas isso é só um detalhezinho besta, que a gente empurra pro final do mês, decide depois, se preocupa depois, porque não tem nada melhor na vida do que viver o hoje, o imediato e tal. Tipo assim: nóis sofre, amanhã, mas nóis goza, hoje.

Tem ainda o problema básico em arrumar um crédito razoável para o cartão, mas isso também fica por conta do titular e das manhas do seu gerente.

Pois, pois, pois, saiu um livro por esses dias, lá pras bandas da Inglaterra, que procura justamente determinar um preço sobre os tais valores que não têm preço – tudo devidamente amparado e corroborado por uma pesquisa, que os ingleses são sujeitos muito racionais e não são dados a palpites gratuitos.

Os resultados são interessantes: em primeiríssimo lugar, a saúde – valor de mercado, na tal “bolsa de valores das emoções”: 207 mil euros. Por saúde entenda-se a sensação que se segue ao ouvirmos que estamos bem e que nenhuma doença nos aflige.

Em segundo lugar – olha só: ouvir alguém dizer “te amo” (188 mil euros).

E por aí vai:

- Viver uma relação estável (178 mil ),

- Viver num país seguro (149 mil ),

- Ter filhos (142 mil ),

- Rir (124 mil ),

- Sexo (121 mil ).

O interessante é que para os entrevistados (são ingleses, claro) ter filhos não chega nem ao dobro de ter um animal de companhia (90 mil ), ler um livro vale mais que ir ao cinema (61 mil contra 24 mil ) e comer um chocolate pode valer mais que uma boa refeição (47 mil contra 36 mil ).

E é claro que vocês prestaram atenção que os ingleses loucos pagam três mil euros a mais pra rir, em vez de uma bela... como se diz mesmo? – transa, vá lá.

Enfim, acho que mereço embolsar meus 124 mil euros, rindo à toa: noves fora os 149 mil euros que perco diariamente, posso agora me declarar um sujeito razoavelmente rico. E nem espero que vocês me dêem crédito – essas coisas não se compram com um cartão.

*

câmbio

“Com a crise, as pessoas estão experimentando novos estilos de vida e buscando qualquer coisa que possa substituir o dinheiro.” – dos autores Steve Henry e David Alberts, que informaram ainda que poucos entrevistados, ao escolher as coisas realmente importantes, citaram o dinheiro, preferindo referir-se a situações familiares (estar em companhia dos amigos, ver os netos, passar o tempo livre com tranqüilidade etc.), o que tornaria um padeiro, por exemplo, mais rico do que um banqueiro ou um político.

Confirmado: Mário Bortolotto e Reinaldo Moraes batem papo, trocam figurinhas e encerram nas alturas, além do bem e do mal, o último dia da Feira do Livro de Mossoró City. De gerações diferentes, o primeiro já declarou que o segundo foi seu “ídolo literário de juventude”.

Ainda a Feira: grande possibiléixon – como diria Marcelus Bob – de o programa Entrelinhas da TV Cultura cobrir o evento. Assim sendo, nada de Pânico!

Mirabô reloaded

Pras más línguas que dizem que nada acontece de bom na Fundação Zé Augusto, o projeto Poticanto (hoje, 20h, TCP) traz Odaíres interpretando canções de Mirabô Dantas. Uma viagem no tempo. Melhor: de grátis. Retire sua senha no TCP, ou na Flamma Luminárias, ou na Carne e Cia.

TIM unplugged

Enquanto ali pertinho, no Belle de Jour Bistrô, Iggor Dantas interpreta Tim Maia, em show acústico, acompanhado pela guitarra de Ricardo Baia: 20h.

PROSA

“Eu viajo na primeira classe, mas reconheço sem discussão que hoje todas as vantagens favorecem o passageiro da segunda.”

Bioy Casares

Histórias fantásticas

VERSO

“num cofre de pedras raras / e palavras femininas / o meu desejo amofina”

Diva Cunha

“de prata é o meu”

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