quarta-feira, 8 de julho de 2009

Os derrotados


No terceiro piso do maior shopping da City só falta ter quadrilha junina, tantas são as quadrilhas que vêm se reunindo por ali nestes tempos juninos, embora já adentramos julho e julho continua igual a junho, incluindo aí a chuva chata, o dilúvio universal, qualquer trovão, uma ou outra trovoada.

O terceiro piso do maior shopping da City – e 99,9% do Arraial o sabe – abriu recentemente. Ainda falta a um bocado de lojas escancarar suas portas, daí que ainda se pode circular por ele com certa calma, sem esbarrar na plebe que superlota os andares inferiores.

Mas em dias de lançamentos literários, esta Capital – que gaba-se ser uma espécie de Buenos Aires Atlântica, com nossas imponentes Bibliotecas em cada esquina – acorre em peso ao entreposto livreiro. São as quadrilhas literárias, estilizadas em prosa, tradicionais em verso.

Hoje não há de ser diferente, pois é dia, aliás, noite, de Nei Leandro (de Castro) lançar livro novo na praça.

Mas, mas, mas, mas, desconfio que o poeta (um dia pastor e flauta, outro, romanceiro e devasso) não foi muito feliz na escolha do título do romance – “A fortaleza dos vencidos”. Como assim, Nei? Falar em derrota para os aldeões de narizes empinados, músculos entalhados, cabelos escovados e automóveis suecos nas seis vagas na garagem? Falar em perdas e danos a quem está acostumbrado a só colher vitórias – refinarias, aeroportos, Copa do Mundo, inclusive – ?

Tem ainda – ao menos pelo que informa o release – um casal de protagonistas de nomes exóticos: Marionália e Esmeraldino. A primeira, “escracho e loucura”. O segundo, “ternura e consciência política”. Antes de ler o livro arriscaria dizer: não negam o pai que têm.

*

Lar doce lar

Pois Nei Leandro (de Castro) é exatamente ou mais ou menos isso: escrachado, louco, terno, e político na dose certa.

Mas como ele se dá melhor com as mulheres, vou deixar que uma fale dele: “Ele é apaixonado, terno, frágil, forte, visceral. Sua companheira, a literatura. Sua morada, o amor.” – Marize Castro, resumindo Nei em “Além do nome”, 2008.

devassa

Mas Nei Leandro (de Castro) – sabido – um dia também resolveu ser mulher: foi em 2006, quando despiu a pele de fauno e incorporou uma Natália (de Sousa – com “s”, atentem ao detalhe), que além de ser natalense transplantada na Guanabara (como Nei, um dia) e “pequenina da perna grossa” (não, não, como Nei, não), escrevia uns versinhos bem despudorados e outros bem singelos, coisa assim: “A primeira vez/ que molhei a calcinha/ foi num filme romântico/ no escurinho/ do Cinema São Luiz./ Quase menina, boba,/ não entendi muito./ Mas fiquei feliz.”

júri

Iaperi Araújo preside o júri do 19o Festival do Vídeo Potiguar, em boa companhia: Arnóbio Fernandes, Cristóvão Pereira, Jânio Vidal, Michele Ferret e Rejane Cardoso são os outros jurados. O FestNatal acontece dias 21 e 22 de julho, no SEBRAE, com sessão única, às 18h. E as inscrições findam próxima sexta, 10 (pelo sítio www.festnatal.com.br ou na sede do festival, Av. Antônio Basílio, 2230, Lagoa Nova.

SPEED

Pra quem é ou foi fã de Speed Racer saiu uma caixa especial, edição limitada, com a série completa do mangá original que deu origem ao seriado de TV: custa R$ 60.

CONVITE

Com um dia de antecedência, não vale esquecer: se você é, ou se considera, um artista plástico ou visual (ou as duas coisas), a ilustríssima Pinacoteca deste Ryo Grande convida para reunião amanhã, 14h30, na própria pinacoteca, antigo Palácio do Governo. Na pauta: rumos e prumos da instituição.

Dose Tripla

Também com um dia de antecedência, vale a pena aceitar o convite da Fapern e ir amanhã ao SEBRAE para o tríplice lançamento: do livro sobre o padre João Maria e das revistas Ciência Sempre e Perigo Iminente.

P&V

O Prosa & Verso desta semana, acho que ainda não disse, fica por conta de dois pesos-pesados, dois dabliús, aliás, três: o jornalista Fausto Wolff, e o senhor Walt Whitman.

Pode-se não concordar com tudo que Wolff escreve, mas não se pode ignorar como escreve, regurgitando elegantemente idéias e ideais. Confira “A imprensa livre de Fausto Wolff”, Porto Alegre: L&PM, 2004.

Já Whitman é Whitman e basta – basta, pois, recordar que a primeira edição de “Leaves of grass” data de 1855 – lá se vão 154 anos. Confira a edição bilíngüe de “Folhas de relva”, São Paulo: Iluminuras, 2006.

PROSA

“Depois dos sessenta a gente descobre muitas coisas. A maioria desagradáveis.”

Fausto Wolff

A imprensa livre de

VERSO

“Um homem é uma intimação e um desafio”

Walt Whitman

“Folhas de relva”

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