quarta-feira, 3 de junho de 2009

Terapia

Cansado de tanto filme cabeça na programação das cinematecas da Capital, e, na falta do que fazer, fui me deitar no “Divã”, filminho brasilianista que estreou dois meses atrás e vem, dizem, batendo recordes de bilheteria.
Quando falo em filme cabeça me refiro aos ditos “cult” – Antonioni, Kiarostami, Von Trier e que tais.
Quando falo em brasilianista, leia-se carioca-típico-do-Projac, ou seja, padrão – para o bem, para o mal – globo de qualidade.
Então, por mil pipocas, por que cargas d’água sair de casa para assistir um filme da Globo no cinemão?
Já falei: falta do que fazer.
Mas a verdade é que dá pra rir um bocado no filme e com o filme, embora se saia dele com quase nenhuma lembrança do que seu viu, a não ser a boa impressão que deixa a atriz Lilia Cabral.
Lília Cabral, caso o leitor ou a leitora não seja noveleiro, é aquela que andou levando uns tapas do marido em recente novela das oito, e que quase-quase namora a Paula Burlamaqui.
A Paula Burlamaqui... ah, vão procurar no Google!
Feito eu, que fui procurar o nome de Alexandra Richter (que eu nunca vi mais gorda nem magra) e que segura, numa boa, ótimos diálogos com Cabral, a Lilia.
As duas protagonistas são o melhor que o filme oferece. Os diálogos, também. Mas o roteiro é meio desconjuntado, parece mais uma sucessão de esquetes engraçadinhos montados um atrás do outro simulando uma história. Também a câmera, que se mexe pra lá e pra cá (em não poucos momentos do filme sem motivo algum) é ainda mais desconjuntada. Tentativa, talvez, do diretor de simular um filme independente, americano ou europeu que seja, pouco importa: o lance todo é muito Jacarepaguá.
Culpa, claro, dos galãs de plantão, José Mayer, Reynaldo “Janequíni” e Cauã não-sei-das-quantas.
Pois não é que a Lilia Cabral, danadinha, se deita com todos eles? Se deita, claro, modo de falar.
Deitar, mesmo, ela deita no divã, onde fala, fala – como fala, a Lilia, no filme, no divã!
Não à toa: a história é toda costurada pelas sessões – estereotipadas – de psicanálise. Tudo pra no final descobrirmos que aquele sujeito calado, o analista (de quem se vê só a nuca), somos nós mesmos.
*
PSYCHO
Aliás, começa hoje a 13ª edição da Jornada Nordestina de Psiquiatria, realizada pela Associação Brasileira (ABP) em parceria com a Associação Norte-rio-grandense de Psiquiatria (ANP). No Hotel Serhs.
O tema central é “Contribuições das neurociências à prática clínica psiquiátrica”.
LELÉ
Hoje tem projeto Poticanto: Lelé Alves interpreta composições de Enoch Domingos (ex-Impacto 5, ex-Flor de Cactus).
No Teatro de Cultura Popular Chico Daniel, o TCP. De grátis.
CHOSE DE LOC
Hoje tem também o pontapé inicial (estamos na Copa) das comemorações do Ano da França no Brasil: a Fundação Zé Augusto entra em campo (estamos na Copa) com o espetáculo “Chansons” – que vem a ser, pois não, “canções” na língua de Proust e Carla Bruni.
Apresentado pela cantora potiguar Alzenyr Nelo, a estréia é hoje, no Teatro Alberto Maranhão, e segue amanhã para o País das Balas Chovidas, no Teatro Dix-Huit Rosado Maia.
No repertório (estamos na Copa), só craques – de Édith Piaf a Henri Salvador.
CAÇA
Os vinte anos do Ibama foram homenageados na Assembléia Legislativa deste Ryo Grande. Ontem.
É claro que ninguém lembrou a morte de Emanoel Josian Barbosa, o “Neguinho”, morto no último dia 22 enquanto caçava arribaçãs – e era caçado por fiscais do Ibama.
XANANAS
Julinha Arruda quer embelezar ainda mais a cidade: a vereadora vai apresentar projeto para plantar xananas em todos os canteiros, praças e logradouros desta Capital Espacial do Brazil e sede da Copa do Mundo.
Hum.
Sei não.
Muita xanana junta é um perigo.
NEVE
A propósito, pra quem está mal de bolso, um buquê de xananas pode ser boa opção pro dia dos namorados.
Pra quem pode, restam os shoppings – no de Cidade Jardim, quem compra ganha cupom e concorre a uma viagem a Bariloche, Argentina.
Mas tem que escrever uma declaração de amor melhor que todas as outras.
R.I.P.
Segue até o dia 10 de junho, no Salão Nobre da não menos nobre Assembléia Legislativa deste Ryo Grande, a exposição “Metamorfose na arte”, do artista Rhasec, que passeia seu labor entre a pintura e a escultura.
O release informa que Rhasec se encontrou como artista em lugar inesperado: o cemitério Morada da Paz.



PROSA
“Acaba-se por entender que uma pessoa inteira não pode ser usada como medicamento: é um medicamento complexo que contém também uma forte proporção de veneno.”
Italo Svevo
Argo e seu dono
VERSO
“sinto-me estrangeiro dentro de mim.”
Napoleão de Paiva
“a mulher proibida”

Nenhum comentário:

Postar um comentário