quinta-feira, 25 de junho de 2009

Escritores Futebol Clube

A capital do Ryo Grande, a capital mundial da Copa 2014, a princesinha das dunas, do sol, dos ares puros, das águas com nitrato, o poeminha de concreto armado que é, enfim, todo esse imenso Arraial, tá parecendo circo mambembe:
– Hoje tem lançamento de livro?
– Tem sim senhor!
Maravilha.
Mas, tem lançamento dos bons amanhã. Dos melhores, arriscaria o superlativo. E olha que eu não gosto nem jogo futebol e a última vez que fui ao Machadão ele ainda se chamava Castelão.
O livro – claro, vocês já devem ter lido por aí – é “A cabeça do futebol”, da editora Casa das Musas, candanga, com muito orgulho, sim senhor, mas com um pé neste Erre-Ene.
Simpático, o livrinho é livrinho só no formato, “quase de bolso”: são 166 páginas que valem realmente à pena, o papel impresso e as árvores derrubadas.
Carlos Magno Araújo, Gustavo de Castro e Samarone Lima, os organizadores, conseguiram a proeza de reunir 28 artistas – inclusive eles mesmos – que, se não fazem bonito com os pés e uma bola, o fazem com as mãos e uma caneta ou um teclado.
Ah, escalaram duas mulheres, também, que dão conta do recado e um toque feminino ao escrete – muito embora os marmanjos, como são ligados às letras, já têm, eles mesmos, esse jeitinho elegante e gracioso de driblar as frases. Então, não se avexem: o que em campo seria confundido com frescura, nos textos agrada à torcida ledora.
A grande maioria dos textos volta-se para a infância, para a clássica cena de um pai ou um tio levando a criança pela primeira vez ao estádio – exceção que confirma a regra, Juca Kfouri, que, em “A ditadura não é mais forte que o amor de um pai”, conta quando em 1971, já adulto, o pai faz questão de acompanhá-lo ao campo: Kfouri tinha sido preso e solto há poucos dias, e o pai, “que havia décadas não ia a um estádio”, faz questão de não deixar o filho só – “aquele domingo ficou inesquecível pela demonstração silenciosa e companheira que, enfim, nem era necessário da parte de um pai sempre presente.”
*
BOLOR
Quem avisa amigo é: termina hoje, 17h20, a chamada final para assistir “Loki – Arnaldo Baptista”, de Paulo Henrique Fontenelle. No Moviecom, rumos de Ponta Negra.
Fãs, fanáticos ou mutantes, podem levar pra casa um pouco da loucura do ex-marido de Rita Lee: no sítio do músico estão à venda desenhos, formato A3, papel canson, por R$ 250, cada, incluído o sedex. Confira em: www.arnaldobaptista.com.
NORDESTE
Termina hoje a mostra individual “Nordeste: do sertão ao litoral”, do pintor Newton Avelino, com curadoria de Maria do Socorro Alves. Na Assembléia Legislativa, Centro Histórico da Capital, das 8h às 17h.
CANGAÇO, A MISSÃO
A confusão, o qüiproquó, o entrevero com a turma do Pânico na TV segue e prossegue com seus ares paroquiais, beirando o ridículo, flertando com o patético.
A SimTV vestiu a carapuça e joga pra torcida fanática: hoje, 13h30, exibe um Valeu o boi “especial” – informa o release: “Edvan Martins mostra o lado popular da festa e, num quadro impagável, coloca a turma do Pânico na TV na berlinda, transformando os humoristas da RedeTV! em vítimas de seu próprio humor cáustico.”
Jararaca deve estar se revirando no túmulo – dando risadas.
CASABLANCA
É hoje, logo mais, sete da noite, a estréia do sociólogo Lenilson Antunes no universo do romance histórico: “Parnamirim Field, último pouso” tem como cenário esta capital, Trampolim da Vitória, na época da Segunda Grande Guerra. No terceiro piso do Midway Mall.
SAUDOSA MALOCA
Atrasado, descubro que Caetano deu um tempo do seu blog. Para se dedicar à turnê “Zii e zie” (“tios e tias”), também nome do último disco.
Na última postagem, diz o baiano: “O Canecão é a casa de show real do Brasil. As outras, com todo o respeito, são imitações. Não se pode imitar um boteco que atrai gente há muito tempo e não é pelo conforto nem pelo luxo nem mesmo pela qualidade do serviço. Pode-se imitar um bar bem feito e ‘bom’. Mas o Canecão é um boteco afavelado cheio de magia. Não adianta fazer um ‘melhor’”.
O que danado Caê pensa do Machadinho? Onde faz show dia 25 de julho. E se chover? E os preços? Populares, na velha divisão de classes: Premium (R$ 500), Vip (R$ 400), Ouro (R$ 300). (Valores para mesas de quatro almas, claro.)
CONSPIRAÇÃO
Zio Caetano ainda cita inúmeras cidades brazucas e mundiais, algumas sem ter certeza da passagem da turnê – “Onde será que esse show vai?” – e tome cidade: Rio, Beagá, Sampa, Brasília, Salvador, Recife, Porto Alegre, Floripa, Cuiabá, Belém, Curitiba, Fortaleza, Campinas, Campina Grande, Goiânia, Palmas, Buenos Aires, Montevidéu, Roma, Florença, Amsterdam, Santiago, Minneapolis, New York, Paris, Londres, Tucson, Cidade do México, Bogotá, Madri, Piracicaba... Ufa!
Sei não. Não citou Mossoró City nem esta Capital. Chegou a citar uma tal Ann Arbor, no cafundó do Judas. Estará de conluio com o Pânico na TV?



PROSA
“Hoje a idolatria é para os pernas de pau.”
Rubens Lemos Filho
O homem óbvio
VERSO
“Se escrevo uma palavra / ponho a vida acordada.”
Dorian Gray Caldas
“Divisão”

Nenhum comentário:

Postar um comentário