quarta-feira, 24 de junho de 2009

Beleza, luxo e luxúria na feira regional

[Cultura 230609 terça]

Atentem para o nome, que é uma beleza, li-te-ral-men-te: o “Natal Hair Feira Regional de Saúde e Beleza” rola (pode-se dizer assim, “rola”?) de 11 a 13 de julho, das 10h às 22h, no Norte Shopping.
Os organizadores esperam 50 mil almas, gente que não acaba mais. Afinal, o evento este ano conta, mais uma vez, com a presença (in)discutível de profissionais renomados “a nível nacional” e se propõe a informar o respeitável público sobre os “novos padrões de beleza” – além de que, é de grátis, claro.
Rola, também, um grande concurso de penteados, “Coleção Camelot 2009 Senscience Liquid Luxury”, etapa Ryo Grande e Paraíba. Nossa. Descubro que por trás desses nomes tão sonoros está a Shiseido, a mais antiga, dizem, empresa de cosméticos do mundo – made in Japan, como não poderia ser diferente. A palavra, me explica o sítio brasileiro da empresa, significa “todas as coisas que vêm da Mãe Terra”. Coisa de japonês, mesmo. Pois, para este 2009, a Shiseido lança duas coleções – pelo que, mui esforçadamente, entendi: a Coleção Senscience Liquid Luxury, de produtos; e a Coleção Camelot, de cortes de cabelo.
Se eu entendi errado, me corrijam. Mas não há dúvida que “Liquid Luxury” é “Luxo Líquido” – que numa tradução rasteira e enviesada poderia ser, também, “Luxúria Líquida”, seja lá o que isso possa significar, embora em se tratando de luxo e luxúria, meu deus, tudo é possível. E luxúria, até onde eu sei, é um dos sete pecados capitais condenados pelo Vaticano, já que envolve os apetites sexuais de modo excessivo. Tipo assim, fogo no rabo, mesmo.
Então, galerinha, não usem os produtos em menores de idade, por favor.
“ATREVIDA”
Depois, Camelot: ora, Camelot era o castelo onde o rei Arthur se reunia com os cavaleiros da tavola redonda, segundo as lendas medievais da velha Inglaterra. Mas o Camelot aqui referendado é outro: quando John F. Kennedy foi assassinado, sua mulher Jackie Kennedy (futura Onassis) disparou a comparação: “Existirão outros presidentes, mas jamais outro Camelot.” Foi o que bastou para a Era Kennedy ser conhecida como o lugar mítico e tal e coisa.
Mas a Shiseido, que não é boba nem nada, pega carona em outro mito fashion intrinsecamente ligado ao Camelot do fogoso Kennedy: a explosiva Marilyn Monroe – bastante conhecida pelo biquinho cantando parabéns pra você para o “dear president”. Liquid luxury, pois.
São três os cortes de Camelot zero-nove: “Warhol”, “Interessante” e “Atrevida”. Vamos ficar no corte Warhol, que basta e avança, homenagem ao cara que profetizou que todo mundo teria seus quinze minutos de fama. Diz o sítio da grife sobre o corte:
“Como tributo a este inconformista do mundo da arte, tomamos como base uma forma desconectada permitindo que a liberdade e o movimento fluam sobre um corte mais forte. Usando a profundidade da cor para levar ao máximo a desconexão fragmentada e os louros beges frios da parte superior; esta forma versátil e dramática tem um apelo artístico para as massas!”
Ora vejam só que mundinho pequeno: Jackie e John Kennedy, Andy Warhol, Marilyn Monroe – não é que todos findarão na Zona Norte de Natal? Resta saber se a desconexão fragmentada será suficiente para encantar as massas.
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BEAUTY
Quem quiser participar do concurso basta entregar fotos de suas produções até o dia 4 de julho (sábado), das 8h às 18h, na Casa Norte Beauty, Avenida Capitão Mor-Gouveia, 516.
REMÉDIO
Elísio Augusto de Medeiros e Silva prescreve o remédio para stress, depressão, mau humor e hemorróidas, entre outros problemas: seu livro “Potiguariso”, que, não, não se encontra nas farmácias, mas na Poty, Siciliano e Livraria Câmara Cascudo. A dosagem recomendada é um capítulo/dia, durante 88 dias.
REMÉDIO II
Também na Poti, Siciliano e na Cooperativa do Campus, a “Cidade sustentável” de Gilka da Mata, lançado no último Dia Mundial do Meio Ambiente. Remédio para os males da urbanidade.
AVE KHRYSTAL
Marido e produtor, o infatigável Zé Dias recebeu como uma verdadeira anunciação a notícia que Khrystal deverá estar na Guanabara lá pelos dias 6 e 7 de julho, mais especificamente no famigerado Projac da Rede Globo: a cantora grava para o programa Som Brasil ao lado de Alceu Valença.
Iconoclasta, adepto de um regime que dispensa papas na língua, Zé Dias foi logo escancarando diante da anunciação do anjo global: “Chorei feito uma rapariga e corri para abraçar Khrystal e os meninos da banda.”
P&V
A Prosa e o Verso desta semana ficam por conta de Rubinho Lemos (“O homem óbvio”, Natal: Flor do Sal, 2009) e Dorian Gray Caldas (“Os dias lentos”, Natal: DEI, 1999 – entre outros livros).



PROSA
“O excesso de simpatia descolore a simplicidade e enche de rouge a tal vaidade.”
Rubens Lemos Filho
O homem óbvio
VERSO
“Desfaço-me de tudo para que a poesia / fale por mim.”
Dorian Gray Caldas
“Das horas e dos dias”

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