quinta-feira, 19 de março de 2009

Mais notas de quinta

ESSES MOÇOS
Num dia 19 como esse (como esse é modo de dizer, claro, vai saber se chovia e fazia sol quase que ao mesmo tempo), nascia Joaquim Fagundes. Faz um bocado de tempo: 153 anos. Fundou a revista Echo Miguelino.
Folheando “A imprensa periódica no Rio Grande do Norte”, de Luiz Fernandes, sabemos que era uma revista de oito páginas, “literária, filosófica e instrutiva”. Saiu em 1874. Fagundes tinha, então, 18 anos. E escrevia assim:
“A mocidade natalense dormia e aferrada de tal modo que o maior estrondo não podia despertá-la; sepultada no remanso da indolência, ninguém podia arrancá-la do letargo, chamá-la a si; e, presa pelas algemas da ignorância, era difícil fazê-la compreender o verbo da liberdade.”
Quase século e meio depois a moçada potyguar continua deitada em berço esplêndido, sono eterno. O estrondo do forró embalando todos.
Não por desejo do visionário Fagundes. Lá pela segunda metade do século 19, juntou sua tropa e fundou a Sociedade Miguelina. E o Echo. Os jovens de antão, “romeiros do porvir”, acreditaram que estavam acordando, por fim, do letargo, libertando-se da indolência, quebrando as algemas da ignorância.
A revista não durou cinco meses. Mas os meninos conseguiram publicar oito edições.
Hoje as revistas duram até mais tempo, às expensas do erário, mas com uma periodicidade rara, rala, e fraca.
PERIGO
A propósito de revistas – e com o perdão do trocadalho –, é iminente a publicação da edição única da Perigo Iminente, comemorativa dos 100 anos da célebre conferência de Manoel Dantas, “Natal daqui a cinqüenta anos”.
Mas, ao contrário do que noticiou a imprensa ontem, o perigo da revista não sair não é exatamente por falta de grana pro coquetel – mas para a impressão, mesmo.
Ricamente ilustrada por artistas como Afonso Martins, J. Medeiros e Joca Soares, os custos da gráfica são, no momento, o calcanhar de Aquiles dos editores Flávia Assaf e Adriano de Sousa.
MISÉRIA
Vivendo e aprendendo: para quem – como o sobrescrito – pensava que Amaury Jr. era único e indivisível – especialmente pelos lados de Dubai – tem um outro Amaury Jr. na City.
Só que assina por extenso, o nosso Amaury Júnior – que é, inclusive, o novo coordenador do Espaço Cultural Francisco das Chagas Bezerra de Araújo, o “Chico Miséria”, Zona Norte desta Capital.
Novo, forma de dizer: desde janeiro na função, Amaury Júnior já identificou a necessidade de algumas reformas estruturais – na pista de skate, na quadra de basquete e no campo de futebol. Prometeu realizar todas. Vamos cobrar. Os moços de hoje deviam cobrar.
O Espaço fica aberto de segunda a domingo, das cinco da manhã às dez da noite.
ABS.
As exposições “Da permeabilidade do belo”, e “Cartografias do afeto”, seguem abertas até amanhã, 20 de março.
Enquanto da primeira participam 29 artistas, a segunda é obra de um artista só: Wendel Gabriel, que provocou a interação de pedintes nas ruas da City – em vez de pedir esmola, os esmoleres davam uma flor em troca de abraços. Wendel fotografou os câmbios e intercâmbios sociais e humanos.
(Eu jurava que a palavra correta era “esmolé” – daí que fui ao Houaiss e aprendi: esmoler.)
NEWS
Apesar dos pesares a lista dos 29 artistas permeáveis ao belo tem lá seus méritos: mais da metade deles surgiu nesta última década.
A renovação – feito a fila – tarda, mas anda.
VIOLINO, VIOLÃO, PIANO
Como a Cidade dos Reis Magos é diferente e moderna do restante do Brazil e do mundo, o projeto Música nos Museus – itinerante, nacional – acontece, amanhã, 20h, no Teatro Alberto Maranhão.
A apresentação principal fica com o Duo Milewski, formado pelo casal Jerzy Milewski-Aleida Schweitzer, ele violinista polonês, ela pianista brasileira.
A abertura corre nos dedos do violonista Alexandre Atmarama, criador da técnica Imalt e professor da Escola de Música da UFRN.
Os ingressos, grátis, podem ser retirados a partir de hoje na bilheteria do TAM.
PARA QUEM PRECISA
Os vereadores desta Capital andaram discutindo esta semana a saúde (física e mental) dos policiais militares.
Em boa hora. Policiais e professores são duas categorias especialmente relegadas a um plano bem inferior ao que se deve. Ou deveria. (Os médicos também, mas estes parecem gritar mais e, portanto, são mais freqüentemente ouvidos – se não atendidos, ao menos ouvidos.)
A começar pelos salários, mas não apenas. Muito baixos para quem empunha uma arma ou uma caneta.
A elite branca – na qual me incluo – acostumou-se tanto a “pagar por fora” (saúde, educação, segurança), que acha que o problema não é dela (nosso).
BLOG
João Batista de Morais Neto deve embarcar, logo, logo, na blogosfera: Blog de bordo é o nome, por enquanto.
KIDS
A Martim Fontes vai publicar “Forever young”, livrinho para crianças escrito por Mr. Robert Zimmermam, aka Bob Dylan.
(Eu disse “livrinho”?)
DREADLOCKS
Charada da vez: o reggae está em alta.
Raaaas-tafarí.



PROSA
“A vida é só isso. A merda é que quando a gente começa a compreender as coisas, já não tá entendendo mais nada.
Alex Nascimento
Quarta-feira de um país...
VERSO
“É mais fácil esconder um crime
Do que uma paixão.”
Alex Nascimento
“Eternamente inverno”

Nenhum comentário:

Postar um comentário