sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

A efeméride

Hoje, 20 de fevereiro de 2009, não tem nenhuma grande efeméride mundial. Ao menos que eu me alembre ou alumbre.
Apenas digito a frase acima e vou dar uma olhada na Wikipédia – putz! Noves fora uns fatos de importância questionável (bem como a fidelidade das informações), não foi um dia qualquer.
Aliás, como qualquer dia.
E antes que eu incorpore uma pollyanna básica e acrescente um “... e todo dia é especial”, vamos a alguns fatos, contrariando meu primeiro anunciado: em 20 de fevereiro de 1832, por exemplo, Charles Darwin dava um passeio em Fernando de Noronha; Batman e Robin apareciam pela primeira vez em quadrinhos nos jornais americanos, 1944; nascia um bocado de gente importante (o escritor Georges Bernanos, a novelista Ivani Ribeiro, os cineastas Robert Altman e Mike Leigh, o ator Sidney Poitier, os cantores Ibrahim Ferrer, cubano, e Kurt Cobain, americano – e mais uma penca, talvez você mesmo, leitor, leitora, ou o filho do vizinho). Do outro lado da vida, ou seja, a morte, num dia assim faleciam: ... hum... ahm... deixa eu ver... bom, na verdade não encontrei ninguém muito interessante, não – digamos que Café Filho morreu num 20 de fevereiro de 1970, e basta.
Mas, pros antigos romanos, hoje é dia de Tácita, deusa do silêncio e da virtude; pros crentes, o anjo do dia é Ariel; pros católicos, apostólicos, romanos – de hoje – a santa da vez e da hora, até a meia-noite, é Jacinta, uma das menininhas que disse ter visto a Virgem Maria em Fátima, Portugal.
Querem mais? Vão lá, direto na página da Wikipédia, a enciclopédia virtual que, noves fora os preconceitos da intelligentzia, e junto com o também virtualíssimo Google, é uma mão-na-roda.
Enfim, mas o que eu quero mesmo é lhes dizer, parodiando o velho Chico, é que, hoje, 20 de fevereiro de 2009, Antonio Guedes aniversaria: 86 anos (na verdade, menos – mas os tempos eram difíceis e o então jovem Antonio precisava ingressar no exército antes do tempo regulamentar, para sobreviver, e foi obrigado a se apresentar mais velho do que realmente era).
E, infelizmente, não as completa, estas quase nove décadas, à beira da cadeira de barbeiro, como provavelmente o fez nos últimos 67 anos: um acidente vascular cerebral o levou para longe das máquinas, das lâminas, das tesouras, interrompendo uma história que se confunde com a história desta cidade.
Mas, felizmente, deixou um herdeiro, Marcus Alberto “Beto” Guedes, que publica texto em homenagem ao seu pai, logo mais à tarde, na coluna de Alex Medeiros do Jornal de Hoje.
Feliz aniversário, pois.
*
TROCO
Pegando carona nas efemérides de hoje, impossível não comentar o natalício de Ivani Ribeiro, falecida há mais de dez anos: entre muitas novelas, foi autora de “Mulheres de areia”. Eu me lembro, eu me lembro, do par romântico Carlos Zara-Eva Wilma. Eu não me lembro, eu não me lembro, em qual novela, se na citada ou em “A Barba-Azul”, a personagem de Eva Wilma dá um tapa na cara de Zara, que rebate igualmente e diz o bordão: “Bateu... levou.”
O que me faz pensar em cenas legislativas deste Ryo Grande – mas isso é outro papo.
CRISE
Está marcada para o próximo 3 de março nova audiência da Câmara Municipal para discutir a crise na saúde pública. Representantes do Conselho Nacional de Saúde estarão presentes.
Na capital do Ryo Grande, como se sabe, a deusa Hígia cuida de outros interesses sanitários.
REDINHA
Se depender da boa música o carnaval da Redinha promete: a banda Camba se apresenta nos quatro dias (de hoje a domingo), no Largo do Buiu.
A formação atual da Camba é tão de responsa quanto esdrúxulos são a maioria dos nomes, sobrenomes e apelidos: Novo e Nida Lira, vocais; Yrahn Barreto, guitarra; Sérgio Groove, baixo; Walterklayson Monastirski, teclados; Darlan Marley, bateria; Paulírio, percussão; Gilberto Cabral, trombone; Marinho, trompete; e Yuri Dantas, sax.
CHEIRO
As camisas para o Bloco Cheiro de Alecrim já estão à venda: fale com Normando Bezerra (8854.4453) ou Chico da Fera (8856.4099).
O bloco sai hoje, 19h30, na sede do Alecrim Futebol Clube.
LUÍS
O Instituto Ludovicus, que cuida do acervo material e imaterial de Luís da Câmara Cascudo, programa para este ano a inauguração de sua casa-museu, na Junqueyra Ayres.
O terreno ao lado, que foi casa de Sérgio Severo, filho de Augusto Severo e pai do escritor Augusto Severo Neto, foi incorporado.
Palmeiras-imperiais foram ali plantadas.
VALOR
Em “Ontem” (1972) o bruxo da Junqueyra Ayres escrevia: “Em maio de 1945, comprei o ‘chalet’ onde resido. Vinte e seis anos depois, reparo que todas as despesas com a aquisição do imóvel são muito inferiores ao que recebe, mensalmente, Isabel, nossa cozinheira.”
BIBLIO
Os livros da biblioteca particular de Cascudo não voltam mais ao Memorial do Centro Histórico. Tornam ao lar, metade da ladeira.



PROSA
“Famílias felizes vislumbradas através da janela – são essas imagens que nos falam da nossa cidade”
Orhan Pamuk
Istambul
VERSO
“meus braços se alongaram e foram pontes
ligando-me, mortal, ao infinito”
Augusto Severo Neto
“Soneto de redescoberta”

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