sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Retrospectiva Prosa & Verso

Na onda de comemorações de fim de Ano, a coluna embarca no Novo repescando um muito do que foi publicado por aqui nos boxes PROSA e VERSO – assim, meio ao acaso, mas cuidando de repetir apenas alguns dos ditos chamados “autores locais”, essa espécie fadada às intempéries do isolamento eterno entre o rio, o mar, e as dunas.
Que 2009 seja bem mais que um show de Marina Elali e os Cavaleiros do Forró – que, hoje, primeiro dia (in)útil do ano é o que nos sobra.


PROSA
“o potiguar vive como quem espera que os melhoramentos de qualquer espécie, os benefícios, o progresso lhe caiam prontos e sem trabalho seu, do alto do céu ou do alto do governo.” Polycarpo Feitosa Vida potyguar

“Demais, não faltarão jornalistas de oposição para afirmar, por dever de ofício, que vamos em regresso e que, daqui a 50 anos, Natal será um monte de ruínas.” Manoel Dantas Natal daqui a 50 anos

“Aqui por qualquer motivo ou sem motivo justificado vão trocando de lugar as estátuas, num verdadeiro turismo de bronzes.” Lauro Pinto Natal que eu vi

“Não se pretende estabelecer um dogma definitivo em assunto urbanístico.” Câmara Cascudo Crônicas de origem

“Gosto das janelas nunca fechadas, mesmo no pior dos temporais.” Rodrigo Levino Dias estranhos

“Algumas regiões desse mundão velho têm a usança de chocalhos desmedidamente graúdos.” Oswaldo Lamartine Encouramento e arreios...

“A verdadeira buchada, do tempo antigo, exige ciência de tempero e quase intuições misteriosas de cálculo.” Câmara Cascudo Dicionário do folclore brasileiro

“Se quereis amar de um amor melhor a nossa terra, minhas senhoras e meus senhores, ide ao sertão.” Eloy de Souza Costumes locais

“Pulando de um mourão da cerca que ia da lavoura até o açude da infância, o mundo parecia meu.” Rodrigo Levino Dias estranhos

“E eu já havia esquecido como é ruim correr atrás de algo que paga o amor com a fuga.” Ada Lima As letras são ingratas...

“As três meninas que me visitam ficaram todo o tempo puxando as reduzidas mini-saias, atraindo, pelo gesto insistente, meu olhar distraído para a palpitante topografia exibida.” Câmara Cascudo Na ronda do tempo

“Afinal eu era um corpo estranho naquele arraial secular de meninos xarias. Era um canguleiro.” Homero Homem Cabra das Rocas

“Recusando-me colaborar com o Satanás blandicioso, sorrio e digo, mentalmente: Vai Baixar Noutro Terreiro, Exu!” Câmara Cascudo Ontem

“Provocar o anjo no homem, significa uma insatisfação contra a ordem do Ser.” Walflan de Queiroz O testamento de Jó

“A puerilidade para uns é ciência para outros.” Câmara Cascudo História da cidade do Natal

“Doze milênios de arte poética foram compendiados num singular aroma, semelhante a jasmim, mel e vinagre.” Alex de Souza Planetas obliterados

VERSO

“Vi um luar de brotos que choravam/ na pele alvo/lustrosa da resina,” Homero Homem “Lua nova”

“Toco-te as formas, no teu corpo hábito/ De onde o meu corpo, terra minha, veio.” Palmyra Wanderley “Deus te salve, Natal!”

“Teu sexo/ haste em que sou flor” Diva Cunha “Teu sexo...”

“e eu ávido cavalo te cavalgo montaria do meu amor” Luís Carlos Guimarães “Noturno”

“o amor não faz pendão” Carlos Gurgel “O amor”

“Gero todas as coisas que giram/ Gero todas as coisas que passam” Iracema Macedo “Ciclo”

“Eu serei um poeta novo/ chegado a um mundo caduco” Dorian Gray Caldas “Canto”

“Quando a seca verde/ assolava o sertão/ meu avô plantava sonhos” Bosco Lopes “Seca verde”

“Eu fiz do Céu azul minha esperança/ E dos astros dourados meu tesouro...” Auta de Souza “Celeste”

“a nós, sonhadores, permitiu-se a fuga/ o devaneio, o itinerário Napoleão de Paiva “a flor do pesar”

“gosto do ponto que parte.” Carlos Gurgel “Mobiliário”

“quero partir levando nos meus braços/ a paisagem que bebo no momento.” Zila Mamede “Partida”

“Se bebes ao mar,/ tens o rio esperando/ só pra te afogar.” Lívio Oliveira “Poucos haikais...”

“Como podes querer que eu me contente/ se o reino todo padece?” Iracema Macedo “Ardil”

“naquele tempo/ eu não conhecia a palavra/ epifania” Adriano de Sousa “Nudez”

“Toda miséria que eu tinha,/ Vivi/ Não sobramos nada.” Alex Nascimento “Miss Otis”

“o artista que se preza/ não prega seu manifesto/ para os chefes mão de rato.” Lucinha Morena “Aos órgãos culturais”

“Será minha palavra a pedra impura/ e a primeira a partir, por atirada.” Jarbas Martins “Soneto da palavra impura”

“Razão, Razão, martelo do Diabo,/ Que fizeste dos meus ídolos?” Esmeraldo Siqueira “Iconoclasta”

“Como é que eu vou alegar inocência/ Diante de um júri de penitenciários?” Alex Nascimento “Perdas e danos”

“Vamos, irmãos, eu que estou reparando, de retrato, esse quadro que se alonga ao longo da parede.” João Lins Caldas “A casa nos conta...”

“Meu Deus, estendei sobre mim tua mão/ E então poderei entender o silêncio” Walflan de Queiroz “Oração”

“A partir de hoje/ meu nome é silêncio.” Ada Lima “Epitáfio”

Nenhum comentário:

Postar um comentário