segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Do sábio caminho à burrice no meio do caminho

ORÁCULO
Roberto Otsu lança hoje, Midway Mall, 19h, “O caminho sábio”, tradução comentada do “Tao-Te-Ching”, de Lao-Tsé, escrito no século VI a.C.
São 81 aforismos mais um baralho ilustrado que serve como consulta oracular.
Pelo currículo, Otsu parece caminhar além do ramerrame da auto-ajuda: graduado em Comunicação Social e em Arte-Educação, estuda a sabedoria chinesa há mais de três décadas, com especial interesse no “I Ching”.
PRESERVAÇÃO
Começa hoje e segue até o 29 deste janeiro o projeto “Escola do Patrimônio”, a cargo da Fapern e do Igetur – Instituto de Formação e Gestão em Turismo deste Ryo Grande, que vez em quando tem alguma sorte.
Mais de um cento de professores de História, Língua Portuguesa, Língua Inglesa, Cultura do RN, História do RN e Artes, de escolas públicas e privadas, de ensino médio e superior, se inscreveram.
O objetivo é definir posturas preservacionistas e de valorização dos sítios culturais, minimizando a ação de vândalos, os roubos e as depredações ignorantes. O curso acontece no Instituto Kennedy e tem entre os professores a competência de nomes como Paulo Heider, Vicente Vitoriano, Helder Macedo e Simone da Invenção.
PESCA
O artista plástico, escultor e empresário Taciano Arruda volta às suas origens natalinas, mais especificamente à Cirolândia: mudou, de malas, cuias e plainas, a sua Tac Art da Bernardo Vieira pra Rua Tuiuti, onde foi menino (ali pelo começo, quase em frente à Unicred,).
E comemora o fim da restauração que ele mesmo providenciou em sua escultura “A ida e a volta”, homenagem aos pescadores de Pirangi do Sul, há anos fincada naquela praia.
Escultura, aliás, ponto turístico dos visitantes, que sempre se fazem fotografar diante das formas coloridas.
Q.I.
Diálogo entre amigos, no Messenger:
“– ... e por aqui a competência não sobrevive à falta de indicação.”
“– Pior: a incompetência sobrevive graças à indicação.”
COPIA&COLA
Diálogo, aliás, que poderia ser reproduzido na série “Control C control V”, da Microsoft, com exibição na famigerada rede-mundial-de-computadores. Os episódios são inspirados em diálogos do Msn enviados pelos próprios usuários. O programa já está em seu terceiro capítulo, com patrocínio publicitário de grandes empresas.
AXÉ
“Vivíamos os tempos de panelas, guetos, indicações, nepotismo e muita corrupção. Pelos corredores dos órgãos públicos responsáveis pela cultura o que se via e sentia eram medo, rabos presos e silêncio.” – calma, calma, todos tranqüilos: a frase não é de ninguém deste Ryo Grande, mas de um artista baiano, na CartaCapital desta semana.
Por aqui, como se sabe, ainda não se pode conjugar, tranquilamente, o verbo no passado.
VIDEARTE
Termina amanhã as inscrições para a mostra de vídeo arte da Fundação Capitania das Artes dentro da programação do Prospecta 2009 – que acontece nesta Capital Espacial, de 20 a 23 deste mês estivo.
Mais informações, programação completa e a ficha de inscrição podem ser obtidas na página www.prospecta2009.blogspot.com.
Paulistas ligados à performance, intervenção urbana e políticas públicas – como Daniela Labra, Flávia Vivacqua e Eduardo Verderame (do Coletivo Eia, Experiência Imersiva Ambiental) – vêem a Natal para debater com os nativos daqui ou aqui radicados – entre eles Civone Medeiros, Henrique José, Jefferson Alves, João Natal e Zé Frota.
Antes dos debates, serão exibidos os vídeos da mostra, das 18h às 21h.
À tarde, no Museu de Cultura Popular Djalma Maranhão, Praça Augusto Severo, Ribeyra, rolam oficinas – de performance, intervenção urbana e fotografia, pois.
ICEBERG
Por baixo da briga de foice político-eleitoreira que já começa a se desenhar no horizonte deste Ryo Grande – idos de 2010 – entre governadoráveis e senadoráveis, outro rabisco se anuncia: as equipes do famigerado marketing (que tudo pode, tudo sabe, tudo vê, tudo anuncia) já começam a ser montadas. Até lá muitas águas rolarão, na esteira do aquecimento, não global, mas eleitoral.
CAJU INSOSSO
“Toda uma população não pode ficar adorando uma árvore que nem indiano adora vacas.” – de Geraldo Batista, que se diz meu “leitor fiel”, sobre crônica da semana passada. Batista lembra que o cajueiro de Pirangi é já o maior do mundo, podendo, pois, ser podado, “para crescer para cima e não para os lados”.
No mesmo tom de revolta, Luiz Carlos Nogueira critica governantes e autoridades policiais que, segundo ele – e eu também – “não estão nem aí para a bagunça que reina em Pirangi” (que não se resume aos galhos do maior-do-mundo).
“O que falta para solucionar esse problema, é um político de coragem e vergonha”, lembra seu Luiz.
E eu lembro a todos que o coitado do cajueiro não pode virar nem vaca indiana nem bode expiatório: é uma árvore, Reino Vegetal se aprendi bem nas aulas de Ciências, e, portanto, não fala, não berra, não geme, nem pensa – nem tampouco pode se podar a si próprio.
(Ainda: lá pras bandas dos conjuntos Ponta Negra e Alagamar, por exemplo, o problema se repete – e não existe por ali nem caju nem cajuada.)



PROSA
“Não me dói senão ter-me doído.”
Fernando Pessoa
Livro do desassossego
VERSO
“Por que então, como outrora, a linguagem
não se encurta aos limites do soneto?”
Novella Matvêieva
“Invejo o tempo...”

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